quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Animes que mais gostei de assistir em 2020

 


2020 foi um ano incomum para toda a humanidade, por diversas razões (destaque para a pandemia e seus efeitos), mas não vou falar muito sobre meu ano aqui. Basicamente, eu segui assistindo animes, com tempo livre e dessa vez sem me prender muito a horários de dormir e acordar (já que meus parentes tiveram que ficar sem trabalhar, sem eu ter que me adequar a certos horários para refeições). Só que eu acabei assistindo MENOS anime do que nos anos anteriores. Parte do motivo é porque eu preferi dar atenção para diversos animes razoavelmente longos (com mais de 45 episódios), e de Setembro em diante o meu ânimo pra ver episódios diminuiu bastante por razões que não cabe esclarecer aqui. De qualquer forma, ainda assim assisti algo em torno de 50 animes completos (creio que a média dos últimos 5 anos sempre era acima de 80), fora alguns que assisti diversos episódios mas não pude terminar ainda.

Resolvi fazer um post falando sobre os 10 animes que mais gostei entre os que assisti completos em 2020. Obviamente me referindo à animes lançados em diversas décadas e não em 2020 especificamente. É recomendável acompanhar o top de baixo pra cima, mas você é quem decide.

 

1- Monster (2004)

Esse foi de longe o anime que mais gostei entre os que assisti esse ano, e posso dizer que se tornou meu anime moderno favorito. Eu passei anos tendo um certo preconceito achando que seria um anime bem escrito, porém tedioso. Fui tolo esse tempo todo, pois na realidade foi talvez o anime que mais me deixou tenso. Apesar de ser algo denso e de ritmo lento, ele consegue realmente prender a atenção por ser tão imersivo (a produção ajuda nisso) e bem elaborado. É uma experiência incrível ir descobrindo cada vez mais sobre Johan Liebert (meu atual vilão favorito dos animes) e como ele está direta ou indiretamente ligado a tantos arcos de personagem e causa tantas coisas impressionantes. É um anime que eu tenho que rever ainda para aprofundar minha visão a respeito de tudo, mas posso dizer que é algo realmente único nessa mídia. Fora que ele é um triller psicológico com elementos de drama histórico, basicamente conseguindo unir os dois tipos de anime que mais gosto. Eu queria saber me expressar melhor, mas é realmente difícil pôr em palavras. Apenas saibam que é realmente incrível, e assisti-lo foi um dos ápices do meu 2020.

 

2- Alps no Shoujo Heidi (1974)

Eu cheguei a comentar sobre ele em algum post antigo, mas como os anos passaram e nunca terminaram de legendar, eu acabei resolvendo pegar pra ver do começo de novo e terminar variando entre dublado em espanhol ou com legenda em inglês. Apesar desse problema para acompanhar a reta final, foi uma experiência incrível. Pra mim esse anime é o modelo que os slice-of-lfie tinham que seguir. Ele mostra o que é uma história que pode ser simples e relaxante, mas ainda assim TER COISAS ACONTECENDO, e coisas CRIATIVAS ainda por cima (ao contrário de Yuru Camp e outros mais). É muito cativante acompanhar as aventuras da Heidi, e a influência dela na vida dos demais, nos lembrando da beleza da inocência. Certamente o colocaria entre meus animes favoritos dos anos 70, e entre meus slice-of-life favoritos também. É um anime muito gostoso de assistir.

 

3- Macross (1982)

Quem me conhece sabe que apesar de gostar de animes antigos, eu não consigo ser muito simpático ao gênero mecha. Com quem talvez uma exceção ou duas, todo mecha que eu gosto é por ser diferente do que se espera de um mecha. Macross é um anime que fala muito sobre a humanidade, a influência de sua cultura, e de amor, sem deixar de ter seu lado ficção científica e guerra com consequências sérias. Eu gosto de ver todas as dificuldades do protagonista envolvido em um triângulo amoroso, em meio a uma trama maior que inclui revelações interessantes e como essas duas coisas estão perfeitamente ligadas e existem paralelos que podem ser traçados. É difícil falar sem dar spoiler. Bem, o anime tem alguns problemas de animação fora dos momentos importantes e algumas coisas podem parecer meio “wtf?” tipo praticamente reproduzirem uma cidade dentro de uma nave que não parece ter fim, mas dá facilmente pra aproveitar tudo assim mesmo. É um dos primeiros animes “real robots” já feitos, com forte influência do primeiro Gundam, e é impressionante como aqui especificamente os mechas parecem importar muito pouco por eu não lembrar deles aparecerem tanto, embora sejam necessários para a guerra.

Nota à parte: entre os animes aqui mencionados, esse é o que mais demorei pra gostar. Antes do episódio 4 eu estava achando meio chatinho, o que torna mais surpreendente ainda eu ter gostado TANTO no final das contas.

 

4- Ninja Scroll (1993)

No quesito “animação”, foi talvez o anime que mais me impressionou até hoje. Eu não esperava algo tão bem colorizado e animado. Tem altas cenas de ação e gore impressionantes e apesar de ser simples e nada exatamente profundo, é criativo de forma geral. Ele sabe ter ação, drama e comédia na medida certa. Eu mentiria se dissesse que os personagens são memoráveis ou algo assim, e pode ser até estranho estar nessa posição por eu não ter muito o que falar, mas também é apenas um filme de uma hora e meia. Entretenimento breve, criativo, surrealmente bonito e bem animado, com cenas impactantes e uma atmosfera de tensão que pode prender o espectador em alguns momentos. A sensação de assistir isso para muitos talvez seja comparável à de assistir Kimetsu no Yaiba.

Aviso: contém gore, abuso, entre outras coisas.                        

 

5- Jigoku Sensei Nube (1996)

Esse anime TRANSPIRA anos 90. Aquelas cores fortes, a expressividade dos personagens, o tipo de trama de diversos episódios... é um anime que um assumido fanático pela década iria ter que gostar mesmo. Ele tem um contra que é o fato de que o fanservice às vezes pode ser incômodo, embora normalmente seja mais pra comédia do que pra tentar excitar alguém. É fácil associar a Great Teacher Onizuka por ter um professor que aprofunda sua relação com seus alunos que tem suas respectivas personalidades e conflitos próprios, e eu adoro como o anime explora muito do folclore e de certas crenças japonesas por meio dos demônios e espíritos que aparecem, chega a ser realmente educativo às vezes. Destaco que gostei muito da personagem Yukime, que às vezes por alguma razão me faz lembrar da Shampoo (já falei dela no meu post de personagens femininas), é uma das personagens mais bonitas que já vi. O anime tem alguns episódios fracos ou tediosos, tem uma fórmula episódica e algumas vezes parece querer apenas ser totalmente sério ou totalmente cômico, podendo gerar estranhamento. É possivelmente o pior dos 10 aqui citados, mas não deixa de ser uma experiência divertida.

Nota à parte: todo episódio eu ficava com vontade de printar diversos momentos, porque ele realmente tem uma estética “anos 90” forte que me encanta muito.

 

6- Eizouken ni wa Te wo Dasu na (2020)

Eu não ligo e nem quero falar sobre a controvérsia idiota que gerou no início do ano por conta do visual excêntrico. Este anime é uma pura carta de amor aos animes. As personagens querem produzir animações de forma amadora e precisam lidar com diversos poréns para que isso seja possível. Ver elas lidando com tudo isso, aliado à amizade divertida que elas possuem com todos os seus contrastes de personalidade, aparência e contextos de vida, é uma experiência maravilhosa. E a forma como se aborda a paixão pela animação e o potencial dessa forma de arte de refletir a vida real de forma fascinante é algo que eu acho que qualquer fã de anime pode se identificar, além da homenagem e respeito por animes clássicos como Mirai Shounen Conan. Se tornou facilmente um dos meus animes 1-cour favoritos, e recomendo para qualquer um que se autodenomine otaku ou fã de anime.

Nota à parte: não assistir ver Shirobako (supostamente parecido) porque cada imagem e cena desse anime que eu vejo parece gritar que é apenas mais um moe estúpido e tedioso. Chega a ser cômico implicarem com o visual de Eizouken, enquanto Shirobako é muito mais difícil de levar a sério.

 

7- Kaichou wa Maid-sama (2010)

Esse eu tenho um pouco de dificuldade de falar sobre por não lembrar tanto, mas parte de porque eu adorei é porque me fez sentir uma estranha sensação de nostalgia, me lembrando de alguns shoujos que eu assisti na adolescência e como adorava animes nesse estilo (quase fiz um post sobre isso, mas é o tipo de coisa que uma semana depois do fim do anime já não tem como escrever sobre e ficar tão bom). Em relação ao anime em si, eu gostei bastante da protagonista, que tem uma personalidade forte e uma antipatia inicial com rapazes que é bem justificada, e a relação que se estabelece com um personagem que descobre seu segredo vai ficando mais interessante, além de algumas breves tramas serem criativas, embora simples. Foi só assistindo esse anime que me dei conta que adoro o clichê do “conselho estudantil absurdamente poderoso” que parece ter tanta autoridade quanto o diretor ou mais. Enfim, é complicado descrever muito, mas embora não seja uma adaptação completa, eu senti um misto de emoções bacanas e me afeiçoei muito à protagonista, já é o suficiente para o anime ser quase com certeza um dos 100 que mais gostei até hoje

 

8- Soul Eater (2008)

É um shounen de batalha divertido, bem animado, e surrealmente estiloso (pro meu gosto é talvez o anime mais estiloso que já vi). Os personagens tem carisma e uma química bacana, as batalhas são imprevisíveis e não se baseiam tanto em níveis de poder, além de poder render boas risadas. Não se deve esperar tanta profundidade, é um entretenimento honesto com personagens carismáticos. Além disso os episódios finais diferem do mangá então alguns detalhes podem ser considerados bregas, além de eu ter ficado levemente cansado nesse último terço por começar a sentir o anime se alongando, mas não deixe essas coisas impedirem você de assistir, ou ler o mangá se preferir.

 

9- Tokyo Magnitude 8.0 (2009)

Esse anime é surpreendentemente bem produzido! Foram feitos testes para que a situação fosse representada da forma mais realista possível, há um detalhismo e realismo impressionante em muitas interações que é algo que eu dificilmente espero ver fora de um filme do Ghibli, e o primeiro episódio se tornou facilmente um dos meus primeiros episódios favoritos de anime em geral. Criei uma identificação automática com a protagonista, que lembra de forma quase exata o meu eu de 13/14 anos (que é também a faixa-etária dela). Só que além de não ter tantos acontecimentos assim, um certo aspecto vai muito contra o realismo que o anime pretendia ter, e os personagens demoram pra perceber algo que fica claro para o público com uns 3 ou 4 episódios de antecedência. Se você puder perdoar isso, não terá dúvida de que é um bom anime. E na minha opinião é um dos animes 1-cour mais recomendáveis que já vi (eu tenho certos problemas de forma geral com animes nessa faixa de 11-13 episódios, algum dia possivelmente farei um post a respeito)

 

10- Lady Georgie (1983)

Foi um anime que a princípio me impressionou. Aparentava ser um coming-of-age de romance bem interessante. A exploração de seus personagens em relação a sentimentos, efeitos da puberdade, ciúme, conflitos familiares, autodescobrimento, religiosidade, entre outros fatores, é algo que é muito difícil encontrar de forma similar em outros animes, embora seja mais mérito dos irmãos. E ao mesmo tempo ele não era apenas um slice-of-life e a história de um triângulo amorosa, trata-se também de um drama histórico, até com certas intrigar políticas, com esses fatores sendo mais evidentes no último terço. Porém, essa pretenciosidade maior acabou tirando pra mim muito do charme que havia antes e chegava a ser melodramático e tedioso às vezes, além do final ser bem rushado.

Ainda assim não deixa de ser uma boa experiência.

 

É isso, espero que tenham gostado do post. Vamos ver se consigo trazer algo interessante ao blog em 2021.


domingo, 13 de dezembro de 2020

Por que o Among Us no "The Game Awards 2020" não é algo incoerente

   


   Hello! Sim, eu sei que é meio nada a ver retornar com um texto que não tem a ver com o tema principal do blog, mas paciência, é sobre isso que quero escrever neste momento. Admito que é em parte por estar fanático pelo jogo em questão, mas vamos por partes.

   Esses dias aconteceu o “The Game Awards”, uma premiação anual que premia os destaques de cada ano no mundo dos games. Não é minha intenção julgar o quão relevante ou irrelevante é essa premiação e suas escolhas, mas apesar da escolha mais absurda para muitos ser The Last of Us 2 ter vencido como “Jogo do Ano”, muitas outras pessoas acham tão ou mais absurdo o jogo Among Us ter vencido nas categorias “melhor multi-player” e “melhor jogo mobile”. Ou melhor dizendo, o problema supostamente é ele sequer ter sido indicado, já que não foi um jogo criado em 2020. Sim, aqui vai ser necessário ignorar que 90% do desprezo pela indicação é simplesmente por ele ainda ter ganhado.

   O que acontece é que as pessoas fazem uma suposição de que para o jogo ser indicado como melhor de um ano, é necessário que ele tenha obrigatoriamente surgido naquele ano, mas a verdade é que nunca existiu esse critério apesar de obviamente existir essa preferência já que os jogos lançados recentemente serão os que o povo vai ter entrado no “hype”, e terão sido amplamente comentado e “gameplayzados” em todo canto, mas a verdade é que nunca esteve escrito em lugar nenhum que isso é um critério obrigatório.

   O jogo em seu ano de estreia tinha uma média de jogadores simultâneos na casa das dezenas, e no ano seguinte a fama dele ainda assim não ficou tão alavancada. Todos sabemos que a grande explosão do jogo foi em 2020. E já sei que para muitos o caminho para onde estou indo me obriga a insinuar que qualquer jogo que faça um pouco mais de sucesso fora do ano de estreia supostamente tem que ser indicado, mas não é bem assim. Existe muita diferença entre um jogo famoso passar a ser mais comentado em outro ano, e um jogo que não tinha nem 2% da fama atual até alguns meses atrás de repente consegui-la. Não há indícios sequer de que os principais responsáveis pela premiação sabiam da existência do jogo, e queira ou não a fama ou o quão “em alta” algo está é essencial para que ele participe desse tipo de premiação. O Among Us também ganhou prêmio de “revelação” no Golden Joystick 2020, e alguém sabe citar algum jogo mais destacável que ele no quesito “se revelar” em 2020? Jogos AAA ou continuações obviamente já são esperados fazer sucesso.

   À parte disso, é importante entender os méritos de um jogo e o que o motiva a estar numa premiação. Todos os méritos do jogo estão ligados ao ano de 2020. Não é só por ter explodido subitamente, mas porque sua fama também está diretamente ligada à pandemia, tendo sido o jogo que mais auxiliou pessoas no âmbito social e comunicativo, num contexto em que elas tinham que permanecer em casa, e foi de longe o jogo que mais levou pessoas a baixar o Discord na história (sério, se vocês procurarem o gráfico de downloads do Discord vão se surpreender com como o Among Us em Setembro alavancou o aplicativo muito mais do que o surgimento da pandemia em si no mês de Março). À parte disso, a maioria das melhorias e atualizações do jogo também datam de 2020, tendo sua sequência adiada indefinidamente por isso. Simplesmente não tem como não associar o jogo com este ano, e isso vai muito além de meramente “ter ficado mais falado” ou algo assim, é todo um contexto que justifica isso. É um jogo conhecido no equivalente a uma cidade que de repente é conhecido mundialmente.

   Agora acho que é uma boa hora para explicar algumas coisas sobre premiações, traçando paralelos com outras mídias. Um anime não é candidato a melhor do ano no Japão ou em outros países baseado exclusivamente na estreia. Um anime de 26 episódios que estreia em Outubro e acaba em Março não vai ser considerado meramente um anime do ano em que estreou e ignorado no ano posterior como se a exibição da segunda metade nele fosse irrelevante. Mas a chave para entender está no Oscar. Existem filmes que estreiam em um ano, mas só são indicados ao Oscar com um ano de atraso, por terem demorado para sair de seus respectivos países (um exemplo nacional seria Cidade de Deus). Isso simplesmente está incluso nos critérios da academia. Alguns talvez tentem partir para um desvio desonesto de que se um filme mais antigo passa a ser muito falado subitamente, ele então também deveria ser candidato ao Oscar, mas aí existe a diferença de que ele não terá estado nas salas de cinema ou sido lançado em DVD naquela época em lugar algum, e por isso não é a mesma coisa.

   A minha intenção aqui não é nem dizer que o “The Game Awards” tem essa moral toda, ou que é para considerar seus resultados como absolutos, e NEM SEQUER que o Among Us mereceu os dois prêmios que ganhou (não joguei nenhum dos outros jogos indicados). Mas que simplesmente essa ideia de que suas indicações são inválidas única e exclusivamente por não ser um jogo lançado em 2020 é algo que não se baseia em nada além de suposições de como supostamente funciona a premiação e ignorando todo o contexto que cerca o fenômeno que o jogo representou e ainda está representando.

   E para os que ainda discordam ou acham que eu estou simplesmente sendo fanboy de Among Us, fica a questão: será que as pessoas vão achar errado se Cyberpunk 2077 for indicado no ano que vem para certas categorias do The Game Awards, só porque foi lançado em 2020, ignorando que o jogo tinha sido lançado quase no Natal? Dificilmente. Apesar que eu acharia as indicações até menos justificadas que as de Among Us, já que naturalmente o topo do hype dele terá sido neste mês de Dezembro, mas meh, eu realmente não me importo.

   Bem, é isso. Se tudo der certo ainda esse ano eu devo trazer mais um ou dois posts. Tenham uma boa semana

domingo, 5 de abril de 2020

Primeiro episódio de Digimon Adventure: Clássico vs Reboot


    Eu particularmente não sou muito fã da franquia Digimon, o Adventure (que é a primeira temporada) foi um dos poucos animes da minha infância que reassistindo na faixa dos 20 eu não consegui gostar. Entretando, eu realmente fiquei curioso em relação ao reboot, e fiquei com vontade de fazer um post comparando o primeiro episódio das duas versões. Ao contrário do post de LOGH feito há dois anos, não será uma análise com comparação em seguida, e sim um post comparativo que automaticamente dará uma noção do que achei deste primeiro episódio, e dividirei em dez categorias de comparação. Espero que gostem e qualquer coisa podem expressar discordâncias.


Abertura
    Privilegio o clássico nesse aspecto. O novo anime tem uma boa música e visualmente pode ser empolgante, mas ele parece preocupado em parecer frenético demais com seus digimons e personagens correndo em alta velocidade e mostrando grandes poderes enquanto a tela treme. Acho “Butterfly” uma música melhorzinha e prefiro a forma como ela casa com os elementos visuais da abertura que pode ter Digimons se movendo ou mostrando algum poder sem parecer que a velocidade é o foco, e sim a emoção de ver a simplicidade das coisas aliadas à uma música mais emocionante e tranquila. Ponto pro clássico.

Contexto
    Não gosto na versão antiga. Basicamente crianças num acampamento, vem um tsunami e leva elas pra enfrentar perigos repentinos logo de cara, e a única referência à internet antes disso é um personagem com seu computador reclamando do sinal. No novo anime só temos dois do time principal se conhecendo a princípio, e logo de cara vemos que estão havendo problemas no mundo humano com uma explicação no próprio episódio de como seres da Network estão influenciando nisso num mundo já bastante “internetizado”, e com apenas o protagonista indo pra lá ao invés de encaixar muitos personagens de uma vez e é melhor ver como a amizade entre Taichi e Koromon surge com o chamado de Koromon o transportando pro “Digimundo” (se não for o digimundo ainda e sim um lugar que fica entre os dois mundos eu edito futuramente aqui) e o salva, e tendo que lidar com os digimons que estão causando os problemas no mundo humano. Reboot humilha aqui.

Ritmo
    O primeiro episódio do clássico contraditoriamente é lento e apressado. Ele enrola quando é pra ser bem parado mostrando os personagens e falando ou mesmo repetindo seus já citados nomes e séries, ou mostrando cenários, ou a sequência demorada de digievolução, enquanto todo o resto é apressado demais. No novo anime ainda ocorre de levar só uns 3 minutos ou menos desde que o protagonista chega no digimundo pra já terem que lidar com o primeiro monstro inimigo, mas ainda assim é mais justificado porque flui naturalmente o Taichi salvar o Koromon, ele evoluir pra Agumon e eles terem que lidar com os múltiplos inimigos. Os confrotnos tem um bom ritmo enquanto no clássico eles despistam o primeiro monstro e no final quando o encontram de novo tudo é resolvido muito rápido. Ponto pro reboot.

Apresentação de personagens
    Como já dito, o clássico fazia uma exposição besta nesse aspecto, e pra variar a gente termina o primeiro episódio não sabendo quase nada sobre eles fora que eles param na frente de uma “casinha” separadamente e cada um diz algo que pode indicar algum traço da personalidade deles. No novo anime não há um excesso de personagens, com os outros que terão importância aparecendo só em um momento como figurantes, e é legal ver como o Taichi e o Koshiro Izumi se conhecem e conseguimos captar melhor a personalidade deles ali, enquanto no clássico há um excesso de personagens “jogados” e sem química (com exceção vaga do Yamato e o irmão). Agumon é mais expressivo aqui também, e Yamato aparecendo subitamente no final é um bom gancho pro próximo episódio, por não sabermos se será amigável ou não. Ponto pro reboot.

Animação
    Reboot. Claro, existe a diferença de mais de duas décadas, mas o clássico era bem malfeito pro próprio padrão da época dele, enquanto o novo é bem feito até pro padrão da nossa, ainda que não seja um Kimetsu no Yaiba. Ponto pro reboot. (mas o design de roupas do antigo é melhor)

Ação
    Não é o mesmo que animação. Existem muitos animes melhor animados que DBZ, Naruto e Yu Yu Hakusho sem que tenham uma ação tão boa quanto eles por exemplo. E aqui o reboot também leva facilmente porque na forma bebê os digimons só sabiam atirar bolha e no final eles evoluídos apenas unem seus ataques e desmaiam o monstro numa sequência mal animada. No novo temos o próprio Taichi contribuindo na ação e as batalhas são bem mais elaboradas.

Trilha sonora
    Os dois são bons nesse aspecto. No máximo eu senti falta de uma música cantada na hora de enfrentar o inimigo principal do episódio, mas a música que toca na hora em que o Agumon digievolui sem aquela sequência repetitiva (porém memorável) contém uma epicidade maior. Eu duvido que ao longo do novo vejamos uma trilha sonora geral que seja considerada marcante, mas sinceramente eu empato os dois nesse primeiro episódio. Lembrando que aqui é sobre as músicas de fundo apenas.

Final do episódio
    No clássico após a luta ruim existe uma breve comemoração o inimigo ou reaparece ou aparece outro (como digimons do msm tipo tem o msm design não tenho certeza se é o mesmo recuperado ou não) e caem do precipício em outra cena de animação meio estática. Aqui após uma boa vitória temos a aparição do Yamato todo misterioso montado em seu Digimon e com o amigo do Taichi passando informações que indicam que pode haver um grande perigo pela frente. Yep, reboot!

Encerramento
    Ambas as músicas são boas, mas não gostei do “Yamatocentrismo” do novo encerramento, prefiro a simplicidade do antigo com todos dividindo bem o tempo em tela, embora esse seja o fator que eu mais consigo compreender quem discorde de mim.

Prévia do próximo episódio
    Se tem uma coisa que não gostei tanto no novo anime mesmo tendo sido bem feito, é o fato do Antedeguemon aparecer logo no primeiro episódio, é o tipo de coisa que eu preferiria que demorasse mais mesmo no anime antigo, não vejo como uma boa apresentar logo no comecinho a TERCEIRA forma do digimon principal. Enfim, a prévia pro próximo episódio do clássico indica que o Agumon irá evoluir no próximo episódio, enquanto no novo isso já aconteceu e a prévia mostra coisas mais variadas, tem cenas mais dinâmicas, mas não parece prometer algo mais interessante como uma digievolução maior ainda. Entretando, na nova prévia as coisas também são mais misteriosas, enquanto na antiga vemos brevemente como vai ser o design do Antedeguemon e ainda fica um pouco mais previsível como vai ser. Uma promete mais, a outra instiga sem sabermos o que podemos esperar. Acho justo empatar aqui

Placar final
Clássico: 4
Reboot: 8

    Mas é claro que nem tudo tem o mesmo peso. Todos os pontos do clássico vieram de aspectos mais auditivos ou de apresentação fora da escrita do enredo do episódio. Sendo assim, eu particularmente concluo que o reboot teve uma introdução muito melhor, com um desenvolvimento que pode ser criticado pelos mais nostálgicos, enquanto pra mim será um bom argumento para provar que eu não sou tão extremista em achar coisas antigas melhores, e quem sabe façam menos bullying por eu preferir o Hunter x Hunter clássico ao reboot. Enfim, esse foi o meu ponto de vista sobre o primeiro episódio das duas versões. Se Deus quiser lanço pelo menos um segundo texto ainda esse mês. Até a próxima!

PS: Antedeguemon foi uma referência a um trote antigo, na verdade é Greymon

domingo, 8 de março de 2020

Minhas Personagens Femininas Favoritas


    
    Antes de tudo, gostaria de informar que eu tenho intenção de ser um pouco mais ativo neste blog, e vou procurar fazer no mínimo um post por mês. A verdade é que escrever faz bem para a nossa sanidade, pois temos que "mergulhar" na concentração e conseguimos nos divertir com isso quando não se trata de um trabalho obrigatório. Por outro lado, eu também vou passar a ter mais responsabilidades nos próximos meses, e não sei se minha reação a isso será escrever mais para me tranquilizar ou escrever ainda menos por fadiga mental. O tempo dirá.
    Bem, hoje é 8 de Março, dia internacional da mulher. Eu resolvi aproveitar para mencionar algumas das minhas personagens femininas favoritas da ficção. Não vou me ater apenas a animes e tampouco será um post sobre as supostas melhores personagens existentes ou recomendações de obras de mulheres com papel forte. Este blog é um espaço bem pessoal, e eu resolvi falar sobre 4 garotas/mulheres da ficção que tem um valor especial para mim. Há diversas outras personagens que gosto e até cogito algum dia fazer um post mais abundante ou que siga a ideia que mencionei de personagens ou animes pra quem não aguenta mais a má representatividade padrão. Eu tinha essa imagem salva e estou com preguiça de refazer então vai ser nessa ordem aí mesmo. Vamos começar?!




- Oscar François de Jarjayes (Rose of Versailles)

    Protagonista do meu 2º anime favorito. Oriunda de um mangá que era pra ser mais focado em Maria Antonieta, mas cuja andrógina valente tomou o protagonismo. Oscar é a comandante da guarda real francesa e amiga de Maria Antonieta durante os antecedentes da Revolução Francesa, tendo sido criada como se fosse um menino para poder exercer tal cargo no lugar do pai. Eu amo praticamente tudo nessa personagem. Sua personalidade, valentia, suas relações com outros personagens e como ela lida com conflitos internos e externos (que acabam por influenciar sua visão de mundo), e como ela gera diversos momentos tocantes e impactantes. É indiscutivelmente uma das personagens femininas mais elaboradas dos animes e eu tenho um imenso respeito pelo legado dela na cultura japonesa, e pela figura em si. E ainda consegue ser parcialmente identificável. Céus, por mais que o elenco geral do anime seja bom, pra mim é quase como se ela o carregasse nas costas pelo quão inerentemente responsável ela é por levar Rose of Versailles ao top anime de tantas pessoas, por como ela "casa" com diversos outros aspectos ótimos da obra. É uma figura com certeza muito inspiradora especialmente para as espectadoras do sexo feminino.
    Also, também amo o character design dela que parece ter inspirado o estilo que o Shingo Araki usaria em Saint Seiya, e as batalhas de espada dela são ótimas! Por tudo já citado e muito mais, não resta dúvida de que é a personagem feminina de anime que mais admiro! A razão pela qual provavelmente vou me estender mais falando das outras 3 é porque Oscar é quase autoexplicativa de tão incrível, enquanto as outras eu tenho que explicar mais pra dar uma noção de porque gosto tanto.


- Pérola/Pearl (Steven Universe)

    Pérola é uma gem que traiu seu planeta de origem e fugiu para a Terra para lutar pela independência do planeta, e posteriormente embolha gems corrompidas com as amigas e cuida do filho de sua falecida e amada Rose Quartz.
    É difícil encontrar palavras pra falar sobre ela. Se Oscar é possivelmente a personagem mais ressaltável em admiração, Pérola é a que melhor funde em mim um misto de admiração e identificação. Eu já cogitei fazer um textão sobre todos os pontos em que me identifico com essa personagem, mas para isso seria preciso expôr coisas íntimas e contar diversas histórias.

    Basicamente, eu me identifico em diversos aspectos com a personalidade dela e com alguns dos conflitos internos que a mesma enfrenta, assim como algumas atitudes. Mas à parte disso, eu tenho um grande fascínio por praticamente tudo nela, desde a caracterização, visão de mundo, e toda a construção que a levou a ser o que é na época presente da série somando com seu desenvolvimento no decorrer dela. Eu acho o nível da escrita dessa personagem algo surreal para parâmetros de desenho ocidental (exceto pelo ep dela meio doida construindo uma nave sem pensar em mais nada) e algo bastante inspirador. Não se trata de uma representatividade lésbica, mas de quaisquer pessoas que apresentam algumas de suas falhas (especialmente dependência emocional).
    Também adoro as músicas dela ("Its Over Isn't it?" tanto em inglês quanto pt-br é uma das cenas mais marcantes pra mim em qualquer obra de ficção) e o trabalho da dubladora brasileira (Sylvia Salustti) é a atuação de voz feminina nacional que mais aprecio (ao lado da próxima a ser mencionada). A série-epílogo "Steven Universe Future" está prestes a acabar e acho bem provável eu reprovar uma ou duas coisas que decidam fazer com ela no final (e quero que parem de brincar com ela criando momentos pra incentivar shippadores) mas independente de qualquer coisa, seguirá sendo uma personagem importante pra mim, e que honestamente me ajudou muito a me sentir melhor comigo mesmo durante o ano passado (que foi o pior da minha vida). E me sinto ofendido quando se referem a ela ou outras gems como "pedras gays", pois tamanho trabalho de caracterização não merece descrições tão reduccionistas. Em suma, essa espadachim-bailarina-revolucionária tocou meu coração. E sim, entra como personagem feminina porque apesar de gems não terem sexo, elas tem gênero.


- Shampoo (Ranma 1/2)

    Shampoo é uma amazona que está sempre tentando conseguir o amor do protagonistas Ranma, embora tenha começado tentando matar a versão mulher dele e tenha guardado um leve ressentimento por indiretamente ter feito ela treinar em Jusenkyo e ser amaldiçoada transformando-se em gato quando molhada com água fria.
    Se trata de uma personagem com quem tenho uma relação diferente de qualquer outra. Eu tenho uma espécie de paixão irracional por ela embora relute muito em usar o termo "waifu" não só porque acho meio besteira de otaku, como entendo que meu gosto por ela não é muito racional, já que ela faz diversas coisas moralmente reprováveis, recorrendo a métodos desonestos e até brincando um pouco com vidas humanas às vezes pra tentar conseguir a afeição do protagonista, embora eu procure uma saída na justificativa de que não é uma história pra ser muito levada a sério. Eu basicamente gosto muito do jeito dela quando é carinhosa, acho absurdamente bonita e charmosa, além dos episódios com ela serem alguns dos melhores de Ranma 1/2. É disparadamente a personagem que mais vi fanarts até hoje (com certeza mais de 3000 se contar também as que ela não aparece sozinha mas tem certo destaque). Entretanto já aviso ao leitor que não tenho o mínimo interesse em material hentai dessa personagem. Eu gosto de ter uma visão parcialmente pura dela, embora a personagem seja até provocante. Ah, e um dos aspectos mais importantes pra mim é a VOZ dela na dublagem brasileira. O trabalho da dubladora Márcia Regina foi excelente e eu amo o jeitinho único da Shampoo falar, falando de si na 3ª pessoa e de um jeito meio "índio", que foi a forma de mostrar que ela não domina totalmente o idioma (esse é o trabalho de voz que empata com o da personagem anterior).
    Basicamente é isso, ela é a personagem que mais mexe comigo de uma forma irracional, e não enjoo de vê-la e pesquisar por mais fanarts dela.

 

- Ami Mizuno/Sailor Mercury (Pretty Guardian Sailor Moon)

    Ami é uma das guerreiras sailors, que tem que ajudar a combater os vilões e acabar com o Dark Kingdom. Como a maioria das pessoas, conheci Sailor Moon pelo anime dos anos 90 ainda na infância e quando mais velho o redescobri. Na infância eu não tinha nada demais pela Ami, mas ela passou a ser uma das minhas personagens femininas favoritas. Só que tem um detalhe: a que eu incluo nessa postagem é especificamente a Ami da versão live-action.
    Eu gostava da personagem há anos, mas tinha meus pequenos incômodos como o anime reforçar demais ela como estudiosa (fazendo ela quase sempre estar com um livro e etc) quase fazendo ela flertar com a ideia de flanderização, apesar de seu desenvolvimento. Na versão live-action o fator "estudiosa" é muito reduzido e são adicionados bem mais conflitos pessoais interessantes, mais desenvolvimento, uma caracterização mais rica, e muitas vezes passa a impressão de ter mais destaque que as outras (exceto a protagonista) com vários episódios explorando melhor ela. Mantém muito do que já gostava nela no anime, adicionam muito mais, até a deixam levemente mais feminina, e no fim das contas é uma personagem complexa e fascinante. Se me perguntarem um tipo específico de personagem feminina que mais gosto, eu responderia "Shrinking Violet", que de forma resumida demais é uma personagem tímida e sem muitas habilidades sociais. Tem exemplos PÉSSIMOS e até detestáveis desse tipo de personagem, mas normalmente tendo a simpatizar logo de cara e adorar ver o desenvolvimento das mesmas. A Ami dessa versão tokusatsu é o meu exemplo favorito desse tropo, e a única deste quarteto de personagens que resolvi falar sobre. Também gosto das lutas e poderes aquáticos dela (adoro ver o elemento água sendo importante numa obra de ficção), e adoro azul claro.
    Pouca gente tem vontade de assistir o live-action por conta dos efeitos especiais meio trash e ser estranho ver aquelas japonesas de peruca após as transformações, mas acreditem: vale a pena. Entretando, não deixo de ter a Ami do anime como uma das minhas favoritas dos animes, pois os episódios focados nela também são ótimos e já até chorei com alguns (no live-action acho que também chegou a acontecer). Encantadora em qualquer mídia!


 
    Curiosamente as quatro tem nacionalidades diferentes: Oscar é francesa, Shampoo é chinesa, Ami é japonesa e Pérola é uma extraterrestre que vive nos EUA.
    Bem, é isso. Espero que tenham gostado de ter uma noção de alguns dos meus gostos para personagens femininas e desejo um feliz dia internacional da mulher para todas as mulheres. Vocês são muito importantes!

terça-feira, 26 de novembro de 2019

Sobre tatuagens de anime...


    Há alguns dias eu estava no Facebook e vi que a página de um amigo meu publicou um post expondo de forma meio ridícula o que seria o “resumo” de Kimetsu no Yaiba e ironizando a ideia de muitos de que aquele seria o melhor anime existente. Eu deixei um comentário de forma meio despretensiosa, mas o post foi bastante compartilhado e quando me dei conta, eu havia gerado controvérsia com o que disse. Não foi a respeito da qualidade do anime, mas sim uma menção ao fato de que a “doença” (com o perdão do termo) que era o fanatismo popular por esse anime estava tão exagerada que teve gente que mal terminou essa primeira temporada e já foi fazer alguma tatuagem relacionada a ele. Pronto, o circo estava armado.
    Apareceram diversas pessoas revoltadas ou questionando qual seria o problema disso. A maioria só foi ignorante, outras disseram numa boa porque não achavam que era algo intrinsicamente equivocado fazer isso, e eu acabei fazendo uns poucos comentários, mas ao ver que a fanbase do anime (maioria possivelmente adolescente) começou a aparecer em massa pra criticar o post original e alguns começaram a responder meu comentário até desviando o foco e dando a entender que eu estava criticando a qualidade do anime ou cuidando da vida dos outros, eu resolvi desisti e deixei um último comentário com um argumento final e dizendo que quem quisesse me xingar podia, porque eu não iria mais ler nem responder nada (soa como covardia, mas eu apenas preciso evitar tretar na internet pra impedir que certos problemas recentes meus se agravem, longa história). Eu fiquei um tanto surpreso com isso ter gerado alguma controvérsia, já que achei que dificilmente alguém discordaria. Pois bem, eu fiquei com vontade de contar essa história e dissertar um pouco mais sobre a minha opinião. 



    O que eu quis dizer com aquele comentário? Eu quis apontar que o exagero do hype do momento e endeusamento temporário inevitável (enquanto alguns não migrarem pro maior sucesso de alguma das temporadas seguintes) levava alguns fãs a, de forma súbita e sem pensar muito, fazer uma tatuagem relacionada ao anime. Por diversas razões eu considero essa atitude um problema. Se mal acabou a PRIMEIRA TEMPORADA do anime, o hype não esfriou e ainda é bem mais comentado que qualquer anime (completo ou incompleto) do ano, é sinal de que a pessoa ainda está envolvida com a “febre”. Mas e quando a febre acabar? São inúmeros os exemplos de animes que eram exageradamente endeusados e em questão de tempo a maioria dos fanáticos já não queria nem saber (Erased, Death Parade, Re:zero, Darling in the Franxx, entre outros). A “moda” de Kimetsu vai se estender um pouco mais por conta do filme que está próximo, mas o caso é que ninguém pode dizer com segurança, apenas alguns dias após o fim da primeira temporada, que será sempre um dos animes favoritos da pessoa. Ainda mais que muito do gosto por um anime que seja febre do momento é influenciado pela relevância na comunidade e o tanto que se conversa e vê posts sobre. Não é que a pessoa goste “por modinha”, mas a experiência externa influencia muito e prova disso é a escassez exagerada de pessoas que ainda aparenta se importar com algo como Erased, desde algumas semanas após o último episódio, ou postar sobre ele em qualquer lugar. A experiência externa ao anime e o hype da comunidade pode facilmente influenciar o fanatismo momentâneo.
    Pra citar um exemplo pessoal que não tem a ver com “febre”. Há alguns anos eu assisti Elfen Lied e fiquei fascinado. Qualquer coisa que envolvesse crítica à humanidade ou exploração do lado mau do ser humano me parecia brilhante, e eu logo de cara coloquei o anime no meu top de favoritos, onde permaneceu por dois anos. Porém, eu praticamente não pensei nada nele durante esses dois anos, nem revia cenas, apenas ficava a noção de que foi bom apreciar aqueles 13 episódios naquele período de dois ou três dias. Fui rever depois de dois anos apenas para ter embasamento pra debater com alguns amigos de internet que o criticavam, e percebi que ele tinha vários detalhes ridículos ou forçados que eu não percebi direito quando vi pela primeira vez. Ainda aprecio o anime e até vejo graça em alguns de seus defeitos, mas hoje eu tenho minhas dúvidas se sequer o colocaria num top 30, e mesmo quando estava no meu top ele só mofava lá como uma lembrança, não era algo que ocupava minha mente por mais de 5 minutos em qualquer dia que fosse. O que eu quero dizer é que eu terminei o anime tão eufórico que poderia ter passado pela minha cabeça a ideia de fazer alguma tatuagem relacionada a ele, sem saber que ele não seria algo realmente marcante ou que eu teria porque exibir uma alusão a ele no meu braço. Dragon Ball Z e Death Note, ao contrário, seguem sendo alguns dos animes mais marcantes pra mim pelo empurrão que me deram pra me tornar fã de anime e tive altas discussões a respeito com o passar dos anos (ainda recentemente). Só que estes dois, que permaneceram no meu top 5 por anos, hoje estão muito distantes dele. Death Note talvez estivesse lá pela posição 25-30, e DBZ lá pra rabeira de um top 50 já que aprendi a gostar muito mais do DB Clássico. Yu Yu Hakusho se mantém como meu favorito depois de muitos anos, mas ainda assim teria sido um erro eu fazer uma tatuagem assim que assisti, pois poderia acontecer com ele o mesmo que com os outros. Você só pode ter segurança de considerar algo marcante quando ele realmente “fica” de alguma forma. Não quero cagar regra de quanto tempo, mas o caso é que chegaram a responder no meu comentário que se Kimetsu foi marcante pra pessoa não tinha problema, mas é MUITO recente pra alguém poder dizer isso. Grande parte dos apaixonados por este anime com certeza vão gostar mais de algo que sairá ano que vem ou em 2021, e alguns certamente são ex-fãs de coisas como Franxx ou Erased, veem animes semanalmente e estão muito adentrados nessa cultura de hype.
    E o que isso tudo significa? Que a probabilidade da pessoa se arrepender de ter feito a tatuagem é absurda. E as pessoas não param pra pensar no quão problemático é você se arrepender de uma tatuagem. De acordo com o google, o processo de remover com laser custava mais de 6000 reais em 2013, imaginem hoje em dia. Não sei se dá pra tatuar algo por cima, mas mesmo que dê, pensem na dificuldade maior que implicaria e como a pessoa teria que tatuar algo bem específico pra conseguir cobrir ela toda (e de novo: é possível que não dê pra tatuar por cima, não sei). Não me refiro a tatuagem de chiclete que sai com dois banhos, mas uma que a tendência é você envelhecer com ela. Pense no que é a pessoa chegar aos 50 anos com a tatuagem de algo que ela hypou por alguns meses e acabou se distanciando do top dela, ou conheceu vários personagens mais interessantes do que a Nezuko ou sei lá qual outro personagem de Kimetsu no Yaiba ele tenha tatuado. E mesmo que a pessoa tenha muito dinheiro, qual é o sentido de arriscar tanto? Basicamente o que eu quero dar a entender, é que você deve ESPERAR pra fazer uma tatuagem de um anime que gosta, mas que assistiu muito recentemente (ainda mais se só tiver saído uma temporada). Mesmo que quase tudo que eu tenha dito até agora aqui fosse desconsiderado, ainda assim é preciso ter em mente que qualquer pessoa madura concorda que é preciso pensar MUITO antes de tatuar algo. E eu vejo como “intrinsecamente precipitado” em fazer uma tatuagem do anime mais idolatrado do momento, apenas algumas semanas após o fim da primeira temporada. Mesmo que a opção de tatuagem seja bonita e não seja preciso ser fanático pelo anime, ainda assim eu creio que o certo é esperar porque com certeza o “calor do momento” influencia pra que você pense que a opção ideal de tatuagem é essa.
    Outros argumentos na resposta do meu comentário naquele post incluem coisas como “e daí, o anime é foda!”, “a pessoa pode ter lido o mangá pow, o mangá tá rolando”, “o importante é ficar bonita” e “não é você quem paga, pq se incomoda?”. Bem, eu não falei da qualidade do anime. Mesmo que a pessoa leia o mangá, se faz isso há pouquíssimo tempo e se misturou com a onda que foi Kimetsu (ao contrário por exemplo de um amigo meu que era fã de One Punch Man e detestou o câncer que se tornou por conta da fanbase gerada à partir do anime), ainda está sujeita à estar apenas “vivendo o momento”, sem parar pra pensar num possível arrependimento. A ideia de que a pessoa tatue qualquer coisa desde que seja bonita é idiota. Amenos que a pessoa pretenda tatuar grande parte do corpo sem parecer se importar muito com o quê, é de se imaginar que ela quer valorizar o que vai tatuar, e não tatuaria só uma borboleta porque sim ou sei lá. E realmente eu não vou pagar a tatuagem de ninguém, mas eu tampouco vou pagar o tratamento a laser que tem chance de ser feito depois, e tudo que fiz foi um comentário aleatório na página de um amigo, qualquer outro comentário feito lá foi só respondendo outras pessoas, eu só sigo minha vida.
    Antes de fechar o texto, quero só deixar uma versão estendida do meu argumento final. Independente dos sexos, imagine: pessoa X namora pessoa Y há semanas ou alguns meses e acha que vai ser amor pra vida toda, e então resolve tatuar o NOME ou o rosto da pessoa. Já teve diversas reportagens na TV sobre gente que fez isso e foi furada, por terem terminado posteriormente. Claro, algumas dessas pessoas que fazem a tatuagem (e aqui me refiro tanto à do anime quanto da pessoa amada) podem vir a realmente ter uma relação eterna com a figura homenageada, mas isso não muda o fato de ter sido um ato precipitado e que tinha uma boa chance de gerar arrependimento futuro. Claro, a probabilidade de arrependimento talvez sempre existe independente do que se tatue, mas o que quero dizer é que em casos como esses que meu texto trata, a probabilidade é múltiplas vezes maior que o normal.
    Pra finalizar, eu apenas espero que você que leu esse post tire algo dele ou reflita, podendo discordar se quiser. A mensagem é basicamente que, se possível, você ESPERE a febre do “anime do momento” baixar antes de marcar no seu corpo uma homenagem a ele, e que pense BEM antes de fazer qualquer tatuagem que seja e no significado dela, pois se arrepender depois pode ser problemático. Eu não vou dizer quanto tempo ou quantas vezes deves pensar se vai ou não tatuar algo, pois a escolha é sua, e não vejo nada de intrometido da minha parte recomendar que a faça com consciência e não de forma “intrinsicamente precipitada”. Não tenho nada contra tatuagens de anime, e apesar de não pretender fazer nenhuma pelas minhas próprias razões, compreendo a vontade de fazer. Apenas me preocupo que a popularização das tatuagens no século atual (já que era bem mais discriminada no passado) multiplique os casos de arrependimento, já que para muitos jovens, tatuagem é sinônimo de “cool”, e acabam fazendo sem pensar muito. Não se esqueça que é importante conseguir se ver com ela quando ainda estiver velhinho. Se conseguir, seja feliz! ^^
    
E assim me despeço. Oh revouir o/

terça-feira, 23 de julho de 2019

Por que Gintama se mantém alto no Myanimelist?


    Hoje eu resolvi deixar aqui um grande comentário que eu sinto vontade de fazer por aí vez ou outra, mas que dificilmente alguém leria se estivesse como um comentário de Facebook ao invés de um texto de blog (aliás dificilmente alguém sequer descobriria que esse blog existe, mas enfim...). Basicamente eu quero discorrer um pouco sobre o anime Gintama e por que suas temporadas pegam posições tão altas no ranking do site Myanimelist. Este texto não tem intenção de dizer o quão bom ou ruim o anime é (embora em breves momentos possa parecer) ou de defender que mereça tais posições. Na verdade estou digitando isso porque quero matar tempo antes de dormir =P


    Eu tenho que começar já desmistificando a ideia de que meramente a fanbase se une pra dar 10 à toa “desonestamente” e que seria só por isso. É um contexto bem mais complexo. Eu já vi MUITO mais contas fakes criadas só pra dar 1 pros Gintamas e 10 pra FMAB. Juro que foram mais de 15, enquanto o caso oposto eu devo ter visto apenas uma ou duas, e olha que catei bastante no histórico de avaliações de usuários nas épocas de estreia de mais de uma temporada (aliás é só ver como dentre as notas de 1 a 5, a mais dada pra maioria das temporadas é 1, justamente por isso). Os fãs de Fullmetal inclusive fazem algo parecido com outros animes às vezes, porque sentem uma necessidade absurda de manter o anime deles em primeiro lugar. Parte do que me incomoda na fanbase de FMAB e recomendarem esse anime pra iniciante, é justamente darem argumentos muito clichês ou baseados em falácias pra exaltar o próprio anime, e um dos favoritos é a posição no MAL. É mais fácil insistir no “argumentum ad populum” do que explicar porque o anime é tão bom (e olha que motivos não faltam, eu próprio o considero um dos melhores). É um anime melhor pra ser assistido quando já se tem mais experiência com a mídia e maturidade, mas que infelizmente as pessoas são incentivadas a ver cedo. Mas resumindo o parágrafo: rola uma mentalidade "conspiracionista" de que milhares de fãs de Gintama se reúnem em cantos obscuros pra combinar de manter o anime lá no alto, mas isso não existe. 
    Sim, tem fãs de Gintama que saem dando 10 sem que o anime "mereça", mas... qual fanbase não faz o mesmo quando lança uma nova temporada? Shingeki no Kyojin e Steins Gate quando lançam algo novo logo de cara ganha nota alta e fica posicionada bem alto no site até quando não tem nada demais acontecendo, às vezes contando com mais notas 10 que o último Gintama. Além dos aleatórios de temporada que a grande massa bota hype também. “Ah, mas Gintama não merece”. Vamos ser sensatos? Quase nada msm no top 30 do Myanimelist merece estar ali, deve dar literalmente pra contar nos dedos. A maioria dos usuários dão nota por inteiro gosto pessoal (o quanto entreteve numa escala de 1 a 10) ao invés de senso crítico (senão garanto que muita coisa não estaria lá, e se estivesse é porque falta senso crítico nos membros) e pensam que 7 é nota mediana mesmo o padrão do site indicando que 5 é que é uma nota mediana e que 7 deve ser destinado só pro que já é acima da média, mas poucos entendem isso e acaba que a maioria dos animes ganham média acima de 7. Além de muitos terem assistido poucos animes e estarem numa fase onde é mais fácil se impressionar com quase tudo o que se assiste (eu era assim, é algo bem natural). Se as notas do MAL tivessem credibilidade, dificilmente haveria muito mais de 50 animes com nota média acima de 8. E antes que me chamem de elitista, saibam que eu próprio dou notas por mero gosto pessoal, mas com a consciência de que é assim.
    Mas então a questão mais importante é: “Como Gintama consegue se manter tão alto e temporadas variadas de outros animes mais famosos não?”. Aí que entra o que as pessoas não param pra pensar. Gintama é um shounen, só que mais voltado para comédia do que para ação, e ele é MUITO engraçado, definitivamente. Ele diverte muito quase todo mundo que o assiste (o que já garante uma posição no top 20), independentemente de ter uma trama que anda num ritmo quase tão lento quanto de Detective Conan e os próprios personagens apontarem algumas incoerências do mesmo enquanto quebram a quarta parede (por sinal, isso agrega muito ao humor). À parte disso, tem o lado da ação também que é boa, mas aonde quero chegar? Gintama também é um anime BEM longo, só que por não ter foco em ação ou se fazer de algo que está em constante desenvolvimento como outras adaptações de histórias da mesma revista (digo, mesmo entre os eps canônicos) e mts arcos serem diversão aleatória, Gintama simplesmente não interessa os shounentards tanto quanto a maioria dos outros (nem abre mta brecha pra discussões sobre níveis de poder, tão populares em grupos de facebook). Consequentemente o anime não fica em alta e nem leva muitos críticos ou haters a assistirem só pra poderem discutir a respeito e criticarem, já que a fanbase de Gintama não é espalhada por todo canto como a de Naruto por exemplo. Junte isso ao fato de que só a primeira temporada tem mais de 200 episódios e me diga: quantas pessoas assistiriam um shounen de comédia e um pouco de ação por muito mais eps do que isso, apenas para criticar, discutir com a fanbase e fazer comparações com outros animes? Bem poucos, e é por isso que a primeira temporada está numa posição inferior às outras. Quem não gostou muito do anime tende a parar ali e dar uma nota baixa, e o que sobra de gente assistindo e avaliando as temporadas posteriores são, de forma quase generalizada, aqueles que amam o anime. É diferente de Boku no Hero Academia, ou Nanatsu, ou Shingeki, ou Fairy Tail, que muitas pessoas vão continuar vendo por ser algo comentado e que poderão criticar e conversar a respeito com outras pessoas em qualquer canto (além das temporadas destes terem poucos eps), assim como a dos já finados Bleach, Naruto, etc. Enquanto isso os fãs de Gintama se concentram em pequenos grupos só rindo.
    Pra variar, um certo youtuber brasileiro (Alexandre Esteves) manipula seus fãs e os faz ter uma visão exagerada da fanbase de Gintama enquanto quem já esteve em grupos de coisas como Hunter x Hunter sabe que a fanbase deste consegue ser bem mais tóxica.
    Vamos resumir. Gintama é 10/10 masterpiece? Possivelmente não (assim como quase nada no top 50 do MAL é). A fanbase é uma das piores? Nem de longe, e inclusive acho BEM idiota o fato de muitos acharem isso apenas por conta de posições no ranking de um site, ou porque não são “zumbis” de um certo youtuber. As temporadas ficarão todas fora do top 15 algum dia? Duvido um pouco, mas acho que só o futuro poderá dizer. Apenas tenham em mente as coisas ditas nesse texto e não reduzam a situação ao que fanboys de FMAB propagam por aí (por sinal, essa rivalidade tosca criada entre os dois gera bons memes).

    Bem, é isso. Agora vou dormir ;-;

UPDATE: No dia 02/08/2019 por algum motivo FMAB caiu pro 6º lugar no top e em menos de 24 horas identifiquei quase 150 contas fakes criadas só para tentar elevá-lo novamente. Cada vez mais espero que as pessoas entendam que não é fanbase de Gintama que merece tal "fama"

sexta-feira, 7 de junho de 2019

O que os fãs querem VS O que é melhor


        Olá! Sentiram minha falta? Claro que não, dificilmente alguém sente. Bem, depois de mais de um ano resolvi lançar outro post no blog, apenas para documentar publicamente alguns dos meus pensamentos sobre um tema específico. Não prometo periodicidade alguma, até porque não é como se eu tivesse uma fanbase para decepcionar. De forma acidental, transformei a frase anterior num bom gancho para o que quero trazer.



    Animes possuem suas respectivas fanbases, e os fãs tem suas opiniões e desejos individuais em relação às obras que admiram, mas alguns desses desejos ou opiniões são compartilhados por uma grande parte deles, e é por conta disso que determinadas coisas se tornam grandes sucessos comerciais: por dar aos fãs o que eles querem. Mas os fãs, que normalmente reagem de forma emocional ao que consomem, nem sempre se importam muito com o que seria melhor em termos de qualidade. Pior: muitos confundem o lado comercial ou o “apelo ao público” com qualidade. Por conta disso constantemente veremos fãs defenderem algo como bom porque vende muito, porque rendeu dinheiro, porque é muito popular, porque tem boas notas em determinados sites, etc. Eles não têm noção da diferença entre o entretenimento e a qualidade objetiva de algo. Mas não vejo necessidade de explicar isso porque suponho que qualquer um que não tenha desistido de ler qualquer coisa deste blog em poucas frases já teve ter alguma noção. O que eu quero é ilustrar o fato de que muitas vontades dos fãs trabalham contra o que as obras propõe, ou prejudicam a qualidade das mesmas.
    Meus primeiros pensamentos a respeito disso devem datar de pelo menos 5 anos atrás. Dragon Ball Z ainda era um grande sucesso e estava até começando a lançar novos filmes, e eu estava me entrosando com a fanbase de Dragon Ball nessa época, discordando de algumas opiniões comuns. Uma das coisas que mais se ouvia na época era a velha reclamação sobre o Gohan não ter se tornado um guerreiro fascinado por lutas como o pai, preferindo estudar e levar uma vida tranquila, sem treinar desnecessariamente enquanto não vê qualquer sinal de perigo ameaçando o mundo. Eu desde aquela época não conseguia compreender o problema das pessoas com isso, já que SEMPRE foi claro que Gohan não era como o pai (que era mais afetado pelos instintos de saiyajin, por ser um saiyajin puro). Gohan foi criado em meio ao estudo e aprendeu a gostar disso. Os desentendimentos com a mãe vinham do fato dela não entender a necessidade de treinar quando era nítido que era preciso, e a decisão de Gohan de lutar seriamente contra Cell após o discurso do Andróide 16 claramente se referia a necessidade do momento, mas não era como o Goku virando SSJ1 (com seu apego pelo combate transbordando), Gohan apenas entendeu que teria que lutar quando necessário, mas isso nunca significou treinar sem haver ameaça ou gostar mais de lutar do que estudar, pois isso iria contra a caracterização e construção do personagem. Parte do que mancha a fama de Dragon Ball é os fãs se preocuparem mais com a pura ação do que com a lógica. Não que lógica seja o forte dessa franquia, mas se não fosse pelas vontades dos fãs e pressão dos editores da Jump, a obra não teria se estendido tanto e haveria mais coerência em certos pontos. Mas independente da saga em que Dragon Ball acabasse, Gohan ainda seria mais ou menos o mesmo nesse sentido. Mas é apenas um de muitos exemplos de como a vontade dos fãs vai contra a coerência muitas vezes.
    E aqui já entramos no lado da longevidade. Por mais que seja bom One Piece ter uma diversidade de temas abordados, é mesmo positivo ter tantas sagas, e com TANTOS detalhes repetidos, apenas pra isso, e por que o mangá vende? Tendo sido pensado para durar apenas poucos anos? Não seria melhor de repente o anime do Pokémon ser como o mangá e ter um protagonista diferente pra cada região? Minha crença do começo de Pokémon ser a melhor parte do anime vai além da nostalgia, é porque uma boa história costuma ter começo/meio/fim, enquanto Pokémon, mesmo que um dia acabe, só terá tido realmente um começo planejado, e que carregou consigo a responsabilidade de tornar o anime atraente. Dragon Ball há décadas já havia se estendido além do que o autor quis, e recentemente com os filmes e o Super, gerou mais incoerências e retcons (quando a continuidade é alterada e/ou contradiz coisas de antes), apenas para agradar os fãs. Eu consigo compreender parcialmente aquele gostinho de “quero mais” que uma obra deixa quando você se apega a ela, mas aí que eu entro no que diz no título.
    Eu sempre vejo pessoas desejando que os animes que gostam tenham continuação. Só que alguns animes são criados para chegar a algum ponto. Alguma conclusão na trama, abordar certos temas ou alguma filosofia específica, e dar um ponto final quando o objetivo foi cumprido. Tem exemplos como Kiseijuu, que eu chego a me sentir pessoalmente ofendido só de ver alguém dizer que gostaria que tivesse uma segunda temporada. O que eu quero dizer é que todos que desejam uma continuação de algo, devem se fazer uma pergunta: “Por que isso deveria ter uma continuação?”. Eu sinto que na maioria das vezes as pessoas apenas querem ver os personagens mais tempo em tela independente do que estejam fazendo, ou ver mais vezes aqueles mesmos cenários e quem sabe referências a eventos anteriores (“apelo à nostalgia” de forma geral). Eu só acho que é importante as coisas terem propósito sempre. Será que continuar algo que queria chegar a certo ponto, como talvez passar alguma mensagem, não poderia ser estragado por uma continuação? Não há um risco grande do autor ser inconsistente quanto à personalidade de seus personagens, dando a impressão de que parte do desenvolvimento passado foi perdido só para que se contasse mais história? Eu costumava ter duas ideias do que consideraria boas continuações para Yu Yu Hakusho (meu anime favorito). Há pouco tempo descartei ambas porque conclui que eram ideias estúpidas que criariam histórias sem propósito. Vale a pena continuar algo apenas para lucrar mais, ou para os fãs ficarem felizes por verem os personagens mais tempo em tela e mais ação (sendo que ação tem em vários animes e seria só procurá-los, lol)?
    Faz sentido que muitas franquias continuem lançando coisas. Jojo e Gundam por exemplo variam bastante e podem contar diferentes tipos de história em seus respectivos universos (no mesmo ou em paralelos) com diferentes personagens e diferentes tramas, não prejudicando muito o que houve anteriormente. Alguns animes realmente poderiam ter mais exploração do mundo em que se passam ou quem sabe certos buracos possam ser tapados. Imagine quantos fãs de CDZ que só se interessam pelos animes passariam a eternidade pensando que os cavaleiros poderiam simplesmente ter passado pelo lado ou por cima das casas zodiacais, sem serem expostos à explicação dada nos OVA’s de Hades sobre porque não é possível fazer isso. Sim, eu sei que essa saga está no mangá, mas a série dos anos 80 dá a impressão de que tudo poderia acabar ali mesmo em Poseidon. 
    Sem me estender mais tanto, eu só quero dizer que é importante mentalizar um propósito lógico quando você quer que algo aconteça. Não simplesmente querer ver personagens mais tempo em tela independente do que estiver acontecendo, ou apenas piorar a imagem da franquia que admira com uma nova temporada sendo basicamente um fanservice e que privilegia coisas negativas. Dragon Ball está se tornando uma piada na comunidade de fãs de anime por várias coisas que o Super fez, e assim cada vez mais os haters cometem falácias contra o conjunto completo de temporadas (algumas das quais pretendo rebater num post futuro). Alguns podem achar que estou apenas sendo chato e que o importante é divertir os fãs mesmo, independente de qualquer coisa. Bem, eu não sou um fã irracional, mas também não sou um elitista chato. Anime não é apenas entretenimento, é também arte, e como arte é preciso se importar com o que quer ser passado, e com a qualidade. Mas é claro que o lado do simples entretenimento também é importante, só que se importar apenas com ele, defender o fanservice e a “comercialidade” acima da qualidade, implica que você não se importa com a qualidade ou que o que você gosta seja bem visto. E é claro que não generalizo e reconheço que algumas continuações ou spin-offs podem ser divertidos e não comprometer a qualidade do original. Assim como coisas episódicas ou de propósitos muito simples possivelmente não seriam afetados por algo assim.
    É importante também lembrar de nunca associar a diversidade de produtos de uma franquia como indício de qualidade. Algumas pessoas colocam Dragon Ball e Saint Seiya como alguns dos ápices da qualidade de shounen ou de sucesso, pelo simples fato de terem diversas continuações, spin-offs, side-stories e etc, e diminuindo coisas como Yu Yu Hakusho por não terem. Yu Yu Hakusho quis chegar num ponto e chegou, ele não iria continuar independente do autor ter ou não começado outras obras como Hunter x Hunter ou poder ter hiatos. E Yu Yu Hakusho também nunca teve um universo vasto que torne muito plausível isso, já que grande parte da obra é mais sobre seus personagens principais em lugar de tramas de proporções grandes demais. Criar histórias mostrando acontecimentos de outras épocas do Makai, ou mostrar de forma detalhada acontecimentos da vida de alguns personagens seria algo sem propósito e que não enriqueceria muito a forma como vemos o anime clássico no geral. E o autor tampouco quis que outros fizessem pra ele essas histórias paralelas apenas pelo lucro tal como Kurumada com Saint Seiya (lembrando que não estou negando que algumas delas sejam melhores que a original). Togashi consegue compactar bem o artístico e o divertido numa obra individual, e provavelmente acharia sem sentido o desejo de tantas pessoas por mais. Ou talvez não tanto, já que autorizou dois filmes de Hunter x Hunter e um capítulo especial do Hisoka feito pelo autor de Tokyo Ghoul, mas é pouca coisa. E sei que tem esses recentes OVA’s de Yu Yu Hakusho, mas eles são de duas partes do mangá que não foram animadas e são um bônus comemorativo apenas. Não ter um monte de coisa paralelas está longe de ser um demérito, na maioria das vezes é uma qualidade. E qualidade é algo à parte do sucesso, do lucro, e do entretenimento descompromissado. Não que Togashi já tenha feito algum trabalho realmente PERFEITO, mas vocês entenderam. E não é que você precise ficar inconformado com qualquer continuação ou novidade de alguma franquia que você goste, apenas sugiro não desejar algo sem um bom propósito narrativo ou artístico e nem deixar seu lado fanático se sobrepôr completamente ao crítico. Isso vale também para filmes, seriados, etc.


    E assim me despeço, crendo que algum dia irei reler tudo isso e sentir que poderia ter escrito de forma diferente ou quem sabe adicionar mais exemplos e dissertações, mas por ora estou satisfeito. Se alguém quiser aprofundar mais a reflexão de algumas partes do texto, recomendo um vídeo do canal VideoQuest chamado "Pra quê servem os ova's de Yu Yu Hakusho? (review)", não concordo com a resposta para o título do vídeo, mas o importante é o que cerca isso. Bem, um abraço para a dúzia de pessoas que for ler este texto em algum momento de suas vidas e até a próxima!